“O Cão da Serra da Estrela”

 Jerónimo Augusto conta tudo o que sabe sobre “O Cão da Serra da Estrela”

“O Cão da Serra da Estrela”, um livro da autoria de Jerónimo Augusto onde é possível encontrar tudo sobre esta raça autóctone, foi lançado no dia 10 de Dezembro em Manteigas, em versão bilingue.
Em 264 página ilustradas, Jerónimo Augusto concentrou tudo o que sabe sobre uma das raças de cães mais conhecidas de Portugal, o Serra da Estrela, que cada vez desperta mais interesse fora do país.
O livro já teve uma primeira edição em 1987, mas esgotou rapidamente, pelo que pareceu a Jerónimo Augusto que havia todo o interesse em reeditá-lo, com alguns acrescentos. «Nunca parei de investigar e tinha agora novos elementos, nomeadamente um capítulo sobre o pelo curto, a descrição gráfica das características morfológicas do cão, a descrição gráfica dos defeitos e a distribuição geográfica do pelo curto e do pelo comprido», afirmou em entrevista à Lusa.
Para a primeira edição andou cerca de 10 anos a investigar. «Não havia nada sobre o Serra da Estrela, tive de me socorrer de documentos de 1911, de pequenas notícias, de andar pela serra dia e noite a ver como se comportavam os cães com os rebanhos, de contactar com os proprietários, para saber das relações e do aspecto comportamental do cão», lembrou Jerónimo Augusto.
Este professor de música com mais de 40 anos dedicados ao Serra da Estrela é natural das Beiras. O Porto é a sua cidade natal e de residência e esta dedicação ao animal valeu-lhe muitas «viagens à Serra da Estrela, às vezes ficando quatro ou cinco dias fora de casa». «Lá ando com os pastores, vou para as tabernas pô-los a falar e depois caminho para a serra para os pontos que eles me indicam para observar os cães à distância», afirma o autor.
O gosto pela raça surgiu logo aos 16 anos quando viu o primeiro Serra da Estrela. «Fiquei logo fascinado com aquele olhar, aquela corpulência, aquele ar rústico, taciturno, mas de olhar doce, penetrante», lembrou Jerónimo Augusto. «Pensei que um dia havia de ter um cão destes e tanto andei que cheguei a ter 11 simultaneamente».
Jerónimo Augusto não tem dúvidas sobre as características do cão: «É um cão com uma inteligência fantástica, embora não pareça porque é muito voluntarioso e é o tipo de cão que tem de ser muito bem tratado porque só faz o que lhe convém. É uma certa subtração genética que provém dos longos dias de solidão que passa no alto da serra sem contacto com o ser humano o que lhe dá esta característica de ser um cão muito independente».
Esta independência não os impede de, por exemplo, da escola de Fuzileiros Navais de vale do Zebro ter destes cães e fazer com eles todas as provas de trabalho que faz com outras raças. «Demoram é mais tempo a ensinar», explicou Jerónimo Augusto.
Para o autor de “O Cão da Serra da Estrela”, a raça está «muito bem» e é a «raça portuguesa mais divulgada no mundo inteiro» com clubes em Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Suécia, Noruega e Estados Unidos, onde até já foi adoptado como cão de terapia. Este interesse mundial veio reforçar a necessidade de fazer uma edição bilingue, como a que foi agora apresentada.

in  Porta da Estrela

No Fundão o livro encontra-se disponível n ´A Moagem - Cidade do Engenho e das Artes, Biblioteca Municipal e Livraria Estudante